Diante disso, a pessoa que pesquisar e estudar aqui ainda acreditando nas colônias só pode crer também em todo o pacote que a lenda das "colônias espirituais traz". Afinal, somos criticados por desmascarar a farsa dessa invenção de Chico Xavier, mas os críticos esquecem-se facilmente do que vem junto com as tais colônias.
O que vem junto com a idéia de colônias?
Vêm as paisagens... Sim... Rios espirituais, montanhas espirituais, nuvens espirituais, céu espiritual, animais espirituais, plantas espirituais e tudo o que comporia um cenário renascentista que pudesse reproduzir Adão e Eva no Paraíso.
Afinal, qual é o sentido de existirem montanhas num plano espiritual, se montanhas é conseqüência de graves colapsos das placas tectônicas em nosso planeta? Porventura estaria Chico Xavier afirmando que terremotos também existem no plano espiritual???? E os animais, se a codificação nos ensina que eles reencarnam imediatamente após seu desencarne?
Isso são questões pontuais que ridicularizam a racionalidade de um sistema de "colônias espirituais", já tratados em diversas discussões. Mas agrava-se a questão quando adentra contradições morais profundas para com a Codificação Espírita e nisso está especialmente os "bônus-hora".
Segundo o suposto Espírito André Luiz em supostas obras, psicografadas, os Espíritos medianos são "estimulados" à prática do bem pela recompensa de "bônus-hora".
Qualquer pessoa que atente para as lições do Evangelho Segundo o Espiritismo sobre a necessidade do homem se tornar bom, amar ao próximo e a este auxiliar, no que se chama de "caridade", fica PASMO em ler a transcrição abaixo:
“- Todos cooperam no engrandecimento do patrimônio comum e dele vivem. Os que trabalham, porém, adquirem direitos justos. Cada habitante de "Nosso Lar" recebe provisões de pão e roupa, no que se refere ao estritamente necessário; mas os que se esforçam na obtenção do bônus-hora conseguem certas prerrogativas na comunidade social.
O espírito que ainda não trabalha, poderá ser abrigado aqui; no entanto, os que cooperem podem ter casa própria. O ocioso vestirá, sem dúvida; mas o operário dedicado vestirá o que melhor lhe pareça; compreendeu?
Os inativos podem permanecer nos campos de repouso, ou nos parques de tratamento, favorecidos pela intercessão de amigos; entretanto, as almas operosas conquistam o bônus-hora e podem gozar a companhia de irmãos queridos, nos lugares consagrados ao entretenimento, ou o contacto de orientadores sábios, nas diversas escolas dos Ministérios em geral. Precisamos conhecer o preço de cada nota de melhoria e elevação.
Cada um de nós, os que trabalhamos, deve dar, no mínimo, oito horas de serviço útil, nas vinte e quatro de que o dia se constitui. Os programas de trabalho, porém, são numerosos e a Governadoria permite quatro horas de esforço extraordinário, aos que desejem colaborar no trabalho comum, de boa-vontade. Desse modo, há muita gente que consegue setenta e dois bônus-hora, por semana, sem falar dos serviços sacrificiais, cuja remuneração é duplicada e, às vezes, triplicada.
- Mas, é esse o único título de remuneração? - perguntei.
- Sim, é o padrão de pagamento a todos os colaboradores da colônia, não só na administração, como também na obediência.”
O trecho acima é retirado do livro "Nosso Lar".
Você não precisa ser defensor da pureza doutrinária, nem ortodoxo, para responder às interrogações que surgem. O suposto autor defende claramente a existência de uma remuneração pela prática do bem... Nesse caso, onde foram parar os princípios do Evangelho Segundo o Espiritismo?
Note: claramente se avalia que se o sujeito quiser se dar bem numa colônia, tem que juntar "bônus hora" para COMPRAR" vantagens, inclusive a de... entretenimento..
Por que os trabalhadores precisam de "provisões de roupas e comida", se a codificação é claríssima em dizer que o espírito não possui necessidades fisiológicas (alimentação) e ele mesmo é capaz de, por meio de ações sobre o perispírito, tecer a própria aparência?
E nem estamos falando em "roupas", mas de órgãos externos, face, cabelos, etc...
Por que um espírito iría precisar de... "casa própria"????...
Mas, os defensores da existência das colônias não sustentam o tempo todo que essas... Casas... São criações fluídicas dos próprios espíritos?...
Então, ainda que um espírito necessite de uma... Casa (num lugar onde não há ladrões, nem chuva, nem sol, nem frio, nem calor), pela teoria das colônias, não seria ele próprio capaz de "criar" uma casa para si?
Por que a necessidade de "ganhar bônus-hora" para "ganhar uma casa própria"???
E se o principio dos Espíritos é o da comunhão, porque tal casa, se realmente existisse, tería que ser... "própria"?...
Isso não é um ato de profundo egoísmo?...
A questão é que essa história de bônus-hora mata a credibilidade do sistema de mérito moral.
E pior ainda: o Evangelho Segundo o Espiritismo nos diz claramente que NÃO PODEMOS JULGAR A MORAL DO PRÓXIMO... Sendo assim, como se mede a prática do bem de uma pessoa por meio de "horas trabalhadas"?
São extremas as contradições entre a história de "bônus-hora" e a Codificação Espírita.
QUALQUER INDIVÍDUO QUE ESTUDE A CODIFICAÇÃO fica estarrecido com essa comparação.
Vale lembrar que citamos apenas um pequeno trecho. "Nosso Lar" pretende ser uma comédia moderna no sentido Aligheriano.
A obra reproduz outra produção clássica: O capitalismo industrial do século XIX que, sequer se compara ao do século XX. E por que afirmamos isso? Porque ele estabelece uma "semana de bônus hora" de setenta e duas horas, quando no capitalismo moderno não se ultrapassam quarenta e quatro horas de trabalho semanais.
- Ora - dirá alguém - mas um Espírito não se cansa como um encarnado e, portanto pode trabalhar setenta e duas horas semanais.
Ao que responderei:
- Se não se cansa - e não se cansa mesmo - porque ele teria necessidade de... Entretenimento?
Não fomos nós quem inseriu a questão e a expressão "remuneração" na dita obra.
Foi seu autor. E o conceito de remuneração, pelo Direito Brasileiro, é o seguinte:
“Remuneração é o conjunto de retribuições recebidas habitualmente pelo empregado pela prestação de serviços, seja em dinheiro ou em utilidade, provenientes do empregador ou de terceiros, mas decorrentes do contrato de trabalho, de modo a satisfazer suas necessidades básicas e de sua família.”
Atenção para as expressões "retribuição" e "satisfazer necessidades básicas".
Sobre retribuição, não enseja o Evangelho Segundo o Espiritismo que ninguém pratique o bem desejando ser retribuído.
E sobre necessidades básicas, quais seriam as dos Espíritos desencarnados, senão aprender com os erros para evoluir rumo à perfeição?
E por décadas sobreviveu mais uma lenda no Meio Espírita. Os "Bônus-hora", como facilmente se elucidam, não possuem nenhum tipo de respaldo dentro da Codificação Espírita e atuam em direta contradição com esta.
Mais um absurdo no qual acreditam os incautos e os mal intencionados que lucram com vendas de livros ou com sua vaidade intelectual despejada em palestras Espíritas e comunidades espiritualistas de Orkut.
E com relação a filminhos e novelinhas de Nosso Lar que serão lançados, como combater essa avalanche de DES-informação que invadirá a mente na sociedade?
Diremos: já estamos trabalhando para a divulgação do REAL Espiritismo, e quem tem cabeça de raciocinar que raciocine, pois a Doutrina é de fato para quem tenha a vontade de usar o seu intelecto, do contrário, ficarão com as delícias das fantasias ignóbeis e fáceis de digerir.
A lógica é contundente e será difícil para alguém que se interessar por este grupo de estudos, mesmo com os conceitos místicos enraizados, não pensar um pouco.
Um dos maiores problemas na educação do Brasil são os estudantes que não conseguem compreender um texto lido. São os analfabetos funcionais. E estes são milhões.
O movimento espírita tem sido conduzido por esses “analfabetos”.
Já o Espiritismo requer amplo espectro intelectual para ser plenamente compreendido.
Quando não é compreendido vira religião, pois numa religião o que é preciso ser compreendido?...Nada! Religião é adoração, não cognição.
Vamos combinar: quem faz caridade pensando em "Bônus-hora" a única coisa que não estará fazendo é caridade, e sim pensando em um futuro próspero.
Sim, mas segundo o conceito da retribuição divulgado, você fazendo caridade, está adquirindo um “bônus-alma” mais tranqüilo, mais leve, mais ciente de ter feito o bem, e de preferência sem olhar a quem.
Este artigo tem a pretensão de acabar de vez com a idéia dos bônus-hora. A vontade de fazer com que o plano espiritual seja simplesmente uma cópia perfeita do nosso é tanta, que criaram até horas extras (aproximadamente 4 horas) parecidas com as nossas e pior: adicional de insalubridade e periculosidade, que são os tais de "serviços sacrificiais", onde a remuneração é duplicada ou triplicada. Parece piada doutrinária.
Só por este trecho tirado do Nosso Lar já é possível saber o quanto toda a sua narrativa subestima a nossa inteligência.
Na questão 897-b. de O Livro dos Espíritos há uma clareza na resposta que corrobora justamente o que aqui alertamos:
“(...) Aquele que calcula o que lhe pode render cada uma de suas boas ações, na outra vida ou mesmo na vida terrena, procede de maneira egoísta.”
Como alguém pode negar a si próprio a oportunidade de perceber os erros contidos nessas obras psicografadas e o direito de se instruir? Vai saber de 'qual' Espiritismo esse alguém está falando então. Só existe um, e é o que procuramos praticar, aplicar e disseminar por aqui. Mas, é complicado ver pessoas que acham que caridade é abaixar a cabeça pra tudo dizendo sim, e se nos dispomos a analisar qualquer coisa, pronto, já somos "heréticos".
Estamos acostumados a desmascarar os hipócritas, assim como estamos calejados em desmistificar os engodos literários que recebem criminalmente o título de "espíritas", e como contra fatos não existem argumentos, vamos continuar na luta... Por muito tempo, sabemos... Mas não iremos desistir... Esclarecendo aqui... Desmascarando farsantes e farsas literárias acolá... E a luta continua.
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