
O que podemos entender como Princípio Inteligente, do qual os Espíritos da codificação falam, é que ele é um conceito de uma proposição abstrata, logo, como definição se pode dizer que Princípio Inteligente é o começo ou a causa de algum fenômeno inteligente. Filosoficamente, então, poderemos atribuir aos dois princípios de tudo (Matéria e Espírito) como fenômenos causais do Princípio Inteligente.
Pensemos, portanto, de onde surge o Princípio Inteligente que dá razão a que tudo aconteça. O conceito de inteligência surge de Deus, abstração às suas Leis, harmônicas, perfeitas e imutáveis. E tudo o que provenha das Suas Leis, tem no seu substrato a inteligência ligada a essas mesmas Leis.
Presume-se, desse modo, que o Princípio Inteligente esteja em toda a criação Universal, estando classificados como o princípio de tudo (começo) a Matéria e o Espírito.
Porém, o fato de estar explicitado que o Espírito é um dos princípios de tudo, não nos leva a afirmar que esse Espírito esteja pronto a animar um ser. Quando somos informados de que há a elaboração do Princípio Inteligente, sofrendo transformação, para se tornar Espírito, não implica em aceitar que o Espírito surge do próprio Princípio Inteligente, como se este fosse uma coisa.
Como já demonstrado, o Princípio Inteligente é um conceito de uma proposição abstrata, portanto, ele mesmo sendo abstrato. Já o Espírito, da maneira como esclareceram os Espíritos da codificação, é uma criação, ou seja, alguma coisa e, por criação, incorpóreo.
Se compreendermos corretamente a questão conceitual do Princípio Inteligente, poderemos entender o processo de um Espírito surgindo, apto a se constituir em um ser racional. Entretanto, isso não quer dizer que ele já não tenha sido criado, "simples e ignorante", precedendo à elaboração do Princípio Inteligente.
Se o Princípio Inteligente é elaborado e se o Espírito tem sua inteligência individualizada, essa inteligência (também abstrata e conceitual), por lógica, é a própria elaboração do Princípio Inteligente, individualizado.
Dessa forma, depois de individualizada a inteligência e fazendo parte integrante do Espírito (já criado), confunde-se com este, dando a impressão de um e outro serem uma só coisa. Por isso, podemos entender a interligação do Princípio Inteligente com o Espírito, pois visto com esses fundamentos, percebemos que os dois são distintos.
Como saber de que maneira se dá essa elaboração do Princípio Inteligente? Nesse quesito, a codificação trata em detalhes o processo, e reforça quando diz que “tudo se encadeia na Natureza e tende à unidade”.
Como analogia, diríamos que o automóvel só se torna um automóvel, quando lhe são colocadas as rodas elaboradas e aptas ao seu modelo. Todavia, o automóvel está lá, construído, aguardando a elaboração das rodas.
Um Espírito se torna Espírito quando elaborado o Princípio Inteligente, individualizado como Inteligência, que a ele se interliga.
Dessa maneira é que temos o Espírito como única entidade, apta a animar seres racionais.
Logo, vê-se que os Espíritos não se contradisseram em nenhuma das questões que trataram desse tema.
Por Nelson Free Man
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